Homilia da Ordenação Diaconal de Adeflor, André Martins, Murilo e Willians

PARÓQUIA SÃO PEDRO APÓSTOLO – 04 DE JULHO DE 2015

Saúdo a Dom Osvaldo Giuntini e a todos os Padres e Diáconos da Diocese de Marília e das demais Dioceses. Bem vindos! Saúdo aos Religiosos e Religiosas, neste ano dedicado à vida consagrada. Saudação especial aos Seminaristas, Vocacionados e seus Formadores. Acolho com gratidão aos Familiares dos seminaristas Lico, André, Murilo e Willians. Obrigado pela doação de seus filhos a serviço da Igreja! Saúdo as autoridades e acolho com carinho a todos, das mais distantes e diversas Comunidades Paroquiais de nossa Diocese. Sejam todos bem vindos!

Caros Irmãos e Irmãs, o Papa Francisco nos ensina: “As vocações nascem na oração e da oração, e só na oração podem perseverar e dar frutos”, e eu estou, cada vez mais, convencido desta verdade. A oração, nos diz o Catecismo da Igreja Católica, “é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes (…) A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele” (CIC 2559.2560). Madre Teresa de Calcutá afirmava: “Nós carregamos em nosso corpo e em nossa alma o amor de um Deus infinitamente sedento”. Devemos, pois, estar atentos à nossa vida de oração. É essencial e urgente resgatarmos o encontro com Deus através da oração, caso contrário nossa vocação não se sustenta.

“As vocações nascem na oração”. Na primeira leitura o profeta Jeremias exclama: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações” (Jr 1,4). A escolha divina precede a existência, como se a fundamentasse. Vejam como as vocações nascem de Deus e são geradas na oração, naquela oração silenciosa das mães, dos pais, dos familiares, que antecederam o nosso sim, a nossa resposta ao chamado de Deus. Quantas pessoas rezaram por nós, mesmo sem que nós tivéssemos consciência disso. Quantos catequistas, padrinhos e madrinhas, avós, professores e amigos geraram em nós esta vocação, nascida de um chamado divino! Quantos sonharam com o dia que estamos vivendo! “Senhor, vós sois nosso pai; nós somos a argila da qual sois o oleiro: todos nós fomos modelados por vossas mãos” (Is 64,8). Somos agradecidos e reconhecidos de que as vocações nascem na oração?

“As vocações nascem na oração e da oração”. Continuemos a ouvir o Catecismo da Igreja: “De onde falamos nós ao rezar? Das alturas de nosso orgulho e vontade própria, ou das profundezas de um coração humilde e contrito? (Sl 130,1). (…) A humildade é o fundamento da oração. “Nem sabemos o que seja conveniente pedir” (Rm 8,26). A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração” (CIC 2559). A humildade é a atitude do coração do apóstolo Pedro.  No Evangelho que acabamos de ouvir, quando os discípulos abandonaram Jesus, num momento de crise, no anúncio do Evangelho, é Pedro quem professa a fé diante de todos, dizendo: “A quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). Pedro professa que Jesus é único; em suas palavras vibra e se comunica a vida superior e eterna. Jesus é o Consagrado, o Ungido, o Messias. É grande ato de humildade reconhecer que é somente Jesus quem salva. Não somos nós, por mais inteligentes e brilhantes que sejamos. É na escuta humilde e obediente à Palavra de Deus que se funda a nossa oração. Temos consciência dessa verdade? Procuramos Jesus e acorremos a ele?

“As vocações nascem na oração e da oração, e só na oração podem perseverar“. “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Não nos foi prescrito que trabalhemos, vigiemos e jejuemos constantemente, enquanto para nós, é lei rezar sem cessar. Quem reza certamente se salva, quem não reza certamente se condena, exclama Santo Afonso de Ligório. E o apóstolo Paulo nos diz na segunda leitura: “Cuida de ti mesmo e daquilo que ensinas. Mostra-te perseverante” (1 Tm 4,16). Esse ardor incansável só pode provir do amor. A perseverança na oração nos faz amar como Jesus amou; amar puramente, olhar, aceitar, doar-se, alegrar-nos com o que não podemos possuir, com o que nos faz infinitamente pobres. E dessa doação sincera depende o nosso celibato. No entanto vemos vocacionados fracos, que expõem sua vocação ao ridículo e tornam-se um contra testemunho para a comunidade. Mas será que não estamos faltando com a perseverança na oração?

“As vocações nascem na oração e da oração, e só na oração podem dar frutos”. Quais os frutos que o diácono deve produzir na Igreja? O Concílio Vaticano II nos ensina a compreender o diácono a partir daquilo que ele é, e não simplesmente a partir daquilo que ele faz. O diácono é presença sacramental de Cristo servidor. Nos textos conciliares consta a trilogia ministerial do diaconato: liturgia, palavra e caridade. Contudo aquilo que de fato o distingue, é a originalidade desse ministério e serve para delinear as demais ações dele decorrentes é a caridade. Mas, o que é caridade? É amar como Jesus amou, amor universal e desinteressado. Amar os amigos, os que nos fazem bem ou que nos amam, às vezes é difícil, mas é possível. Mas e amar os inimigos? E amar os que não nos faltam nem nos alegram? E amar os que nos estorvam, que nos entristecem ou nos fazem mal? Como seríamos capazes? Como, inclusive, poderíamos aceitá-lo? Escândalo para os judeus, dirá São Paulo, loucura para os gregos; e, de fato, isso excede a Lei tanto quanto o bom senso. No entanto, esse amor além do amor, esse sublime amor tem o nome de caridade. O diácono deve ser o ministro da caridade, amar aqueles e aquelas que ninguém ama, os abandonados e excluídos, existindo para isso um amplo campo de atuação. Mantendo a fidelidade das origens como ministro servidor para tudo aquilo que lhe seja solicitado, e ao mesmo tempo com criatividade suficiente para perceber as necessidades mais clamorosas da atualidade.

Caros filhos Lico, André, Murilo e Willians, cada contribuição, cada ato de serviço, muda algo, e muda-o para melhor. Como pode a dedicação generosa de seu tempo, de sua energia, de seus talentos, de seus recursos não mudar as vidas daqueles pelos quais vocês se oferecem? Por isso não descuidem do dom da vocação que vos foi dado, mas, pelo contrário, cuidem dele sobretudo através da perseverança na oração. Que resplandeçam em vocês as virtudes evangélicas: o amor sincero para com todos, sem fingimento, especialmente pelos que estarão unidos a vocês pelos laços da ordenação e da missão; a solicitude para com os enfermos e os pobres, sem distinção de pessoas; a autoridade discreta; a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito de Deus.

Assim seja!

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